Impressões Iniciais dos Animes da Temporada de Primavera 2020


Atrasado novamente, mas nesse ponto já nem ligo tanto. Aproveitem! E lembrando que só faço daqueles que escolhi pra assitir, isso aqui não é um guia, é um compilado de análises!!

BNA - Episódios 1 e 2


Disclaimer: mano... EU ESCREVI PRA CARALHO!!!! Tenham paciência, por favor. E espero ter sido claro. =_=

Um anime que sengue o embalo do recente grande aumento da quantidade de títulos envolvendo animais antropomórficos (ou furrys, se preferir). Embora não tenha visto um dos mais populares e falados das últimas seasons (Beastars), estou ciente de que obras desse estilo ultimamente estão apostando bastante em dramas e conflitos sociais, com BNA não é diferente... Na verdade, mais que isso, a série não perde tempo! Imediatamente a história deixa claro que nesse mundo humanos e homens-fera existem, porém não em harmonia. Há grupos de humanos protestantes anti-feras, caçadores que tentam capturá-los vivos ou mortos, a intolerância é altíssima e existe uma cidade governada e habitada somente por essas criaturas: a Animal City. O anime começa com uma garota-fera que está tentando chegar na cidade através de uma viagem clandestina de ônibus, até que é subtamente caçada por mercenários anti-feras que andam na região próxima a cidade procurando por novas vítimas. A protagonista é salva por um grupo de homens-fera com moral e motivações duvidosas e imediatamente vemos o nível disso ao exigirem todo o dinheiro da MC em troca de terem salvado sua vida. No fim, a menina foi levada em segurança para a cidade. Ocorre um corte para uma cena da prefeita da cidade conversando por meio de uma vídeo-conferência com um certo político a parabenizando pelo sucesso da fundação da cidade, uma ação que a desconforta por não estar sabendo se o mesmo está sendo de fato sincero ou sarcástico e ameaçando-a. No meio da cidade, a heroína, no meio de um festival que comemora o orgulho de sua raça, tem sua carteira furtada, o responsável foge para um local que fica logo abaixo de um telão, lá ela observa uma figura suspeita e pouco depois ocorre uma explosão que derruba o telão! A protagonista corre para tentar salvar um idoso no meio da área onde o telão vai cair, porém é muito lenta e no último instante os dois são salvos por um homem-lobo visto alguns minutos antes chorando (possivelmente de felicidade) no meio do festival. Após a MC se explicar para o Lobo, ele segue um cheiro suspeito e dá de cara num beco com um grupo de mercenários que trabalham para humanos em troca de dinheiro, sujeitos que abandoram o próprio orgulho de serem homens-fera. Em seguida é mostrada uma excelente sequência de ação super bem animada que, mesmo não sendo a primeira (o episódio praticamente começa com uma), é a mais empolgante... No geral, todas as cenas com mais movimento, não só as de luta, são recheados de lindos sakugas e com um estilo visual bem característico do estúdio Trigger (sim, é um trabalho deles e isso me cheira a masterpiece, estúdio lindo e cheiroso da porr-)! Os traços e character designs são bastante limpos, mas cheios de carisma e personalidade, lembrando um pouco o estilo de animes clássicos do estúdio, como Kill la Kill, só que agora as cenas fluidas com número elevado de frames de animação estão mais presentes do que em certos trabalhos anteriores dos mesmos, se aproximando mais do nível de qualidade dos longa-metragens (embora em KilL la Kill seja mais questão de estilo também). Outro ponto positivo de BNA é o quanto ele conta sua narrativa de modo extremamente natural, sem depender de recursos de roteiro irritantes (flashbacks, narração, etc.) e diálogos expositivos, as falas são muito bem escritas e orgânicas, a direção excelente e a narrativa opta por dar prioridade em 'mostrar' mais do que 'contar'. O ritmo é acelerado, mas conta e apresenta adequadamente o necessário, ou seja, não demonstra problema algum capaz de atrapalhar a experiência, não é rushado.

Quanto ao segundo episódio possuo três críticas, entretanto, antes de chegar lá, vou falar dos pontos positivos e curiosos do capítulo: somos apresentados a certos mistérios envolvendo a heroína que alega ser humana e não saber como virou furry, além de desejar voltar ao normal; a carteira furtada dela do episódio anterior contém uma evidência para defender sua visão; um dos focos do episódio está em mostrar e reforçar diversas vezes que homens-fera são diferentes dos humanos não só em aparência, mas em comportamento geral também, eles possuem uma natureza mais selvagem, como na cena da fila para obter um registro de cidadão (ou algo do tipo); foi um pouco forçado a carteira dela ir do macaquinho ladrão até um grupo de mulheres contrabandistas indicado por aquela doninha que a salvou no primeiro ep, mas é possível fazer um Exercício Mental simples que preenche essa lacuna, isto é, possivelmente a doninha era cúmplice do macaquinho, bem como daquelas mulheres, assim abrindo também a possibilidade de interpretar todo o ocorrido como um caso de manipulação; os homens-fera usam mais a forma humana no dia a dia e utilizam sua forma animal como uma forma de intimidação e declaração de violência/briga/guerra, como se estivessem segurando uma arma (e apenas se transformaram casualmente no festival justamente por ser apenas um festival); o episódio trata de assuntos bem sensíveis como analfabetização e tráfico de pessoas; as autoridades se esforçam para manter tudo em ordem e genuinamente criminalizam alguns atos selvagens aparentemente vindos da natureza animalesca deles. Ok, agora aos pontos negativos. Primeiro, ao chegar na gangue das mulheres uma das capangas explica em um diálogo expositivo que usar a forma animal é sinônimo de querer confusão, sendo que já dava para ter essa ideia com a cena do "cartório" onde o homem-lobo esclareceu esse ponto melhor através da linha "Eles só querem se exibir." e da informação que o mesmo passou numa outra cena anterior de que ninguém normalmente usa essa forma cotidianamente. O que quero dizer é que, além de feio (expositividade e ausência de realismo, pois, seguindo a lógica do senso, comum a mulher não chegaria a explicar o óbvio para alguém que deveria saber desses detalhes, ainfal com as informações dadas anteriormente, qualquer um acharia que ela estava se fazendo de boba ou é uma completa idiota, porque também é explicado em cenas atrás que qualquer homem-fera é capaz de controlar as transformações facilmente), o diálogo ficou redundante; Outro ponto estranho foi a cena das crianças enjauladas juntos da personagem principal, nela ocorreu aquilo que eu gosto de chamar de "Efeito King Crimson" - partes que dão a sensação de que algo foi cortado entre uma cena e outra, pois fiquei com certas dúvidas nacabeça, como pro exemplo: de que forma todas foram colocadas lá (tudo bem, podem ter feito à força, contudo há sempre uma chance de escaparem e resistirem)? por que somente ali a protagonista começou a exigir explicações daquela situação ou pelo menos por que só ali foi ouvida/respondida (poderiam ter feito isso durante a viagem)? Claro, aqui dá pra realizar outro Exercício Mental (elas podem ter usado sonífero nas crianças e na heroína), não é como se isso estragasse a cena completamente e nem sempre é preciso mostrar detalhe por detalhe dos acontecimentos, determinados pontos podem ser facilmente compreendidos/identificados até quando não são mostrados, desde que as informações anteriores direcionem para um fim específico sem margem de dúvidas ou apresente pequenas pistas na composição dos planos, mas não foi o caso dessa parte no segundo episódio de BNA que não se encaixa em nenhum dos dois casos. Apesar de tudo, não foi algo ruinoso. E para finalizar a lista de reclamações, gostaria de comentar sobre O PODER DA MC ou pelo menos sua apresentação! Esticar membros/super elasticidade é um poder bizarro, mesmo com figuras famosas da cultura POP que apresentam habilidade idênticas (Luffy de One Piece, Senho Fantástico de Quarteto Fantástico, Dahlsim de Street Fighter, são alguns dos exemplos mais notáveis), sem contar que nessa altura do campeonato nem é algo tão escandaloso e esquisito quanto antigamente (talvez seja minha alta intimidade com One Piece)... Enfim, foi algo completamente inesperado ao ponto de soar como uma decisão aleatória no roteiro, o fato de ter funcionado quase como um Deus Ex Machina na cena de estréia não ajudou tanto e é um detalhe que não é levantado em mais nenhum diálogo no resto do episódio (o que só piora a situação). A cauda que vira uma bolinha do episódio anterior pelo menos parecia combinar mais com a personagem, isto é, seguia uma certa lógica, ao contrário da Gomu Gomu no Mi furry aqui.

Acredito é apenas isto que tenho pra falar sobre o título. Ele é bastante promissor e meu queridinho dessa temporada, os tropeços não foram tão incômodos e as qualidade, além de estarem nas alturas, são muitas. Recomendo a todos!

Fruits Basket 2nd Season - Geral



Sabem aquelas minhas Primeiras Impressões da primeira temporada que escrevi ano passado? O mesmo aplica-se ao resto do anime, ou seja, é 'bão' pra caramba!! E a segunda até aqui parece ser a mesma coisa, ou seja, também é 'bão' pra caramba!! Se terminaram e curtiram a Primeira Temporada, vão logo ver essa aqui, pois é super 'bão' pra caramba!!!

Kaguya-sama: Love is War 2nd Season - Geral


Apesar de não ter feito as Impressões Iniciais desse anime quando estreou na Temporada de Inverno 2019, fiz um post analisando a Season 1 dele aqui no blog, foi uma das minhas estreias favoritas do ano passado e, ao meu ver, o melhor de 2019. Estou constente e animado, porque essa é a chance da franquia de consertar os poucos pontos negativos que destaquei na minha Review e já começamos com o pé direito com uma capa bonita, ao contrário daquela da primeira temporada que foi uma dos motivos pelo qual quase não assisti a obra (sei que parece meio bobo ou ridículo julgar algo pela capa, porém uma boa apresentação do produto também demonstra parte de competência dos envolvidos na produção do mesmo. Saber como chamar a atenção e manipular a audiência é crucial, mesmo dentro de aspectos que se enquadram fora do âmbito da experiência narrativa, como aberturas e as próprias capas de divulgação). No geral, essa segunda temporada está mantendo tudo aquilo que a primeira tinhade bom e um pouco mais até então, minhas expectativas são extremamente positivas, é possível que até supere o nível de qualidade da primeira. Recomendo, mas é claro apenas para aqueles que viram e curtiram a 1st Season.

Arte - Geral

É, eu escolhi ver esse anime só por conta do título, achei hilário. E as piadinhas não param por aí, pois Arte também é o nome da protagonista, acho que o(s) criador(es) estava(m) disposto(s) a fazer desse bagulho um meme a qualquer custo. :v Piadinhas à parte, o anime por si só é muito interessante, já que se passa em Florença no início do Século XVI (era da Renascença), é raro ver animes que não se passam no Japão ou em um mundo de fantasia alternativo (a.k.a. isekai). Ele conta a história de uma garota que ama desenhar e vem de uma linhagem nobre, só que após a morte de seu pai a família passou a enfrentar certas dificuldades ao ponto de sua mãe querer que ela pare de seguir com esse sonho, alegando que havia deixado-a inicialmente praticar/treinar habilidades de ilustração apenas por encarar a atividade como um simples passa-tempo e que deve se casar para ter um bom futuro. Depois disso, Arte foi pra cidade tentar buscar um mestre ao qual ela poderia ser aprendiz, contudo é rejeitada por todos sem ao menos ter seus trabalhos checados por ser da nobreza e, principalmente, ser mulher, algo que a fez cortar o próprio cabelo em público e quase arrancar seus peitos, porém é impedida por um sujeito chamado Leo, que acaba ouvindo e pedindo-a para mostrar seus desenhos. Em seguida o mesmo pergunta o motivo dela querer ser aprendiz, então a garota fala que simplesmente ama desenhar, algo que não deixou Leo muito contente, tanto que o personagem a aceita como pupila, mas dá à ela uma tarefa extremamente trabalhosa por duvidar de sua determinação (o combo de nobreza + "amo desenhar" claramente o irritou). Para sua surpresa, Arte consegue cumprir a tarefa, o que faz Leo confessar o real motivo de ter dado algo tão trabalhoso logo no começo e a mesma também confessa o real motivo pelo qual quis embacar na carreira de artista: ela estava extremamente frustrada e irritada com o estilo de vida que estava destinada a ter, sempre soube que uma mulher viver por conta própria (naquele cenário, que fique claro) era algo extremamente duro, a arte é a única coisa que tem pra viver e caso venha a morrer ou se arrepender que seja tentando fazer o que mais deseja. Leo, se indentificando com Arte e, consequentemente, lembrando de quando era mais jovem, a aceita definitivamente como aprendiz. A personagem principal sai de casa e se muda pra morar na mesma residência que seu novo mestre.

A trama é genuinamente curiosa e charmosa, trabalha com assuntos delicados com muita sabedoria, sem lacração e escrotidão no negócio, isto é, em nenhum momento o roteiro apela pra vitimizar a protagonista cinicamente, pelo contrário, essa mina tem uma deteminação de ferro e seu mentor, apesar de rabugento, é um sujeito sensato, sábio e com bom coração. O enredo consegue convencer bastante que a história se passa no Século XVI, indo do comportamento dos figurantes, seus hábitos rotineiros e mentalidades (uma época onde pessoas ainda agiam de um jeito muito grosserio, ignorante, descuidodado, despreocupado e com certa intolerância, uma época onde os valores morais e éticos eram fortemente ligados aos princípios católicos interpretados de tal modo que buscava justificar comportamentos hostis contra determinadas minorias e grupos marginalizados, uma época onde o matrimônio era visto como o melhor caminho para uma mulher ser feliz e ter uma vida segura) até a arquitetura e vestimentas demonstradas. A obra consegue prender a audiência com personagens agradáveis e simpáticos, backgrounds cativamentes, bons diálogos, ótimos conflitos e uma apresentação descente, algo que comentarei já já! Bem, acho que é só isso que tenho pra falar da parte de história...

Entrando em detalhes mais específicos, tenho coisas boas e chatas pra comentar, fora outras observações. Primeiro os pontos negativos: o anime se apega à uns recursos de roteiro beeeeeeeeem inconvenientes, como monólogos expositivos que enfraquecem certas cenas (geralmente deixando-as redundantes) e certamente ficariam melhores sem eles, além de revelarem certos detalhes da trama que poderiam muito bem serem contados pra audiência de um modo mais orgânico através de diálogos ou de um proveito mais rico do áudio-visual. Outros recursos infames incluem o narrador onipresente que aparece em algumas raras ocasiões do nada, geralmente dá as caras quando é conveniente, e uns flashbacks que poderiam também transimitir suas informações de um modo mais orgânico por meio de falas ou exibições estratégicas (lembrando que um flashback pode ser essencial caso conte uma história mais longa, curiosa e que ocorreu faz anos, mas um evento não tão distante e com informações mínimas é mais preferível que seja contado de um modo mais discreto). Uma pena que esse anime tenha apaelado pra esses recursos de roteiro, porque ele, quando quer, de fato sabe como apresentar certos detalhes por meio de cenas de conversa ou apenas exibindo imagens (elas transmitem mensagens/informações por si só em várias partes, quis dizer); algumas cenas são um tanto quanto questionáveis, como a do começo onde a mãe da Arte queima os desenhos dela com o argumento de que estão passando por períodos complicados e que eles só ocupam espaço/não são úteis... Tudo bem, é uma cena que pode ser interpretada claramente como um posicionamento radical da mãe quanto ao que ela acha dos sonhos da filha, porém não consigo enxergar como aquele tanto de papel consumiria um espaço grande o bastante para usarem isso como argumento para justificarem tal ação, é só pedirem pra garota guardar em outro canto, não são barris, pareceu um pouco forçado. Pra ser sincero, o que me incomodo mais nem é isso, pois, como dito anteriormente, pode ser facilmente encarado como uma desculpa esfarrapada dela pra desmotivar a MC, no entanto seria mais tolerável se a Arte pelo menos falasse isso pra mãe: "Ei, eles não ocupam tanto espaço assim, são só umas folhas, isso não faz sentido. Explique-se!", aí poderiam continuar com a mulher ignorando a garota e captaríamos a mensagem numa boa.

Agora pontos positivos: a produção está dentro da média aceitável, a direção sabe encaixar direito as músicas, a composição de planos é bem simples, mas são funcionais, o mesmo aplica-se à montagem, e o anime não é tão estático quanto pensei que seria, em várias cenas de multidão, por exemplo, tem vários figurantes andando e se movendo, nada de quadros estáticos, nada de apresentação em Power Point, nem mesmo em flashback, isso é algo pra considerar; pessoalmente adorei a natureza "shounen" da MC, ela é bem animada, seu jeito barulhento combina com sua natureza cheia de determinação e gera cenas hilárias, como aquela quando sentiu vontade de chorar de felicidade, porém se esforçou pra segurar as lágrimas, porque "meninos não devem chorar" (ainda levando o lance de ter cortado o cabelo muito a sério).

Dentre as observações, quero destacar que o visual me lembrou um isekai. Sério, se aparecessem magos, cavaleiros, criaturas mágicas e outras coisas desse tipo de anime, não estranharia nem um pouco. Talvez eu tenha tido essa impressão pelo fato dos artistas japoneses provavelmente terem uma visão muito concreta e genérica de um ambiente de fantasia medieval ou da Europa clássica pelo que deu pra perceber, porque a semelhança das contruções, traços e figurinos do anime com os de outros título como Overlord e Re:Zero é bem notável. O anime em si não é feio, mas também não é lá a coisa mais lindona do mundo, talvez pela escolha padronizada de traços no character design... Sei que com animes mais realistas não é possível ir tão longe assim com os designs sem quebrar a imersão, porém Carole & Tuesday ano passado provou pra mim que é possível ser bastante inventivo, mesmo com uma proposta bastante restritiva no âmbito visual das figuras. Apesar disso, o anime em si é de fato bonitinho e carrega aquele charme que adoro ver em animações japonesas modernas (me julguem).

Bem, creio que seja apenas isso que tenha pra falar desse anime. Não é espetacular, mas sua proposta e ambientação incomuns, execução descente e personagens charmosos dão à ele um destaque entre os demais títulos dessa indústria saturada de repetição de fórmulas bem sucedidas. Recomendo darem uma olhada.

Kakushigoto - Geral


"Kakushi Gotou é um artista de mangá um tanto popular, cujos trabalhos são conhecidos por conteúdo inapropriado. Por causa dessa ousadia, quando sua filha Hime nasceu, ele prometeu manter sua profissão escondida dela, acreditando que ela ficaria desiludida se descobrir.

Essa crença induzida pela paranóia leva Kakushi a situações agitadas. Apesar de ser pai solteiro, ele faz o possível e costuma recorrer a extremos apenas para proteger seu segredo, como fingir ser um assalariado todos os dias ou seguir por rotas
 de emergência, caso Hime encontre seu caminho para o local de trabalho.

Kakushigoto conta a história de pai e filha vivendo lado a lado, mantendo sua existência pacífica enquanto o pai tenta preservar o status quo. No entanto, há um ditado: 'não há segredos que o tempo não possa revelar'. Com o tempo, Hime deve aprender a realidade por trás das coisas que ela tomava como certa quando cresceu.". Sinopse retirada de myanimelist.net, adaptada.

A proposta é deveras divertida e levente curiosa. O show é visualmente lindo e bem animado, um tratamento que não limita-se somente aos modelos, pois as transições, os painéis e efeitos também são cheios de vida e esmero. Contém um character design convencional de slice of life e uma arte limpa, porém com traços cheios de charme e personalidade. A abertura e a ending são um espetáculo à parte, dispensam comentários de tão deslumbrantes e caprichadas que são. A dublagem não tenho do que reclamar. E é muito interessante saber que há sakugas que não limitam-se apenas para ação, geralmente esses slice of lifes são mais estáticos, o que felizmente não é o caso aqui, devido ao fato das cenas principais (e outras aqui e ali) serem recheadas de fluidez.

De certa maneira, Kakushigoto é um Clannad, só que bom! Entre outras palavras, ambos são slice of lifes que possuem bastante comédia e preparam um terrreno pra um drama futuro através de determinadas cenas breves que não pertencem ao presente da história que a audiência está sujeita à acompanhar durante maior parte do tempo da experiência. A diferença é que, ao contrário de Clannad que cobria coisas subjetivas (pra não dizer vagas) e supostamente místicas em torno de tais partes, em Kakushigoto elas se passam no futuro, mais precisamente no momento em que a Hime descobre o segredo de seu pai aos 18 anos de idade! Foi uma decisão extremamente inteligente dentro do âmbito de roteiro, porque distancia a obra daquele clichê chato do "Será que ela descobrirá ou não? O que ela pensará quando descobrir??" comumente visto em histórias de Super-Heróis (tanto que até a própria obra brinca com isso ao mostrar um certo figurante recorrente chamar o protagonista de Clark Kent em vários momentos), assim aliviando o público de iminentes frustrações, além de aproveitar para apresentar algumas caixas de mistérios que ao poucos parecem ter ligações com determinados detalhes intrigantes e propositalmente vagos revelados naquele que é o macro do enredo: o presente. Esses detalhes, ao mesmo tempo que dizem pouco, eles falam bastante, isto é, sutilmente contam para os expectadores a respeito do estilo de vida dos personagens e o que ocorreu no passado para terem alcançado tal estado, fora que alguns levantam pequenas dúvidas que estimulam a dopamina do público (devo lembrar que é de grande importância não revelar imediatamente todos os mistérios da trama para deixá-los investidos e engajados nela), tudo isso sem marcar a presença de super-expositividade, o que torna grande parte da experiência genuinamente orgânica. Outra semelhança com Clannad é que os personagens muito provavelmente envelhecerão conforme a história avança e esta peculiaridade atua como um elemento de grande importância para um dos mistérios da história. E por último, só que não menos importante, enquanto o presente encara Hime quase como uma gimmick, embora seja uma figura que contém de fato camadas e substância, os trechos do futuro aparentemente focarão em sua construção e desenvolvimento antes ausentes, e o mais brilhante é que há uma clara justificativa para a ocorrência disto somente nesta fase da vida dela: antes a mesma não passava de uma criança, uma criança inocente que escolhia não pensar em nada complicado para viver livre de preocupações e angústias, uma criança comportada, obediente e não-teimosa... Inclusive, no final do segundo episódio Hime, em um monólogo, revela que não descobriu o segredo de seu pai não só porque ele escondeu bem, mas por nunca ter tido a curiosidade e persistência para tal também.

Entretanto é claro que nenhum desses momentos sérios e dramáticos funcionariam sem uma boa dose de diversão prévia, e isso o anime faz com maestria. As piadas e situações são bem excêntricas e inusitadas, contudo não chegam a serem surreais, absurdas e/ou loucas (por ser uma animação, talvez o fator loucura aqui seja um tanto quanto relativo em certos casos). Pessoalmente gosto de como algumas cenas mais estranhas e exageradas são justificadas como o ponto de vista das crianças. O fato de Kakushi ser mangaká é na maioria das vezes utilizado para construir situações inusitadas e piadinhas, aliás algumas delas funcionam melhor ao ter noção do ambiente de trabalho desses profissionais, logo, ao contrário de obras como Bakuman, este show trata a profissão como um elemento quase secundário. No entanto ele também aproveita para apresentar certas características e curiosidades da profissão em diversos momentos, geralmente para fazer piadas ou torná-las mais engraçadas e apresentar um contexto específico da indústria pros expectadores (realizada através de uma narração que chega a ser mais engraçada do que esquisita/deslocada). A direção, além de acertar muito bem no timing das gags e jokes, é muito cuidadosa com pequenos detalhes visuais e sonoros para tornar as cenas cômicas ainda mais fortes. Os episódios não são apenas um conjunto de esquetes sobre o contidiano da família Goto, os capítulos seguem consistentemente determinados temas que são introduzidos, desenvolvidos e concluídos, sempre em um rítimo divertido e bem humorado, além de contar um pouco mais do estilo de vida deles em situações pra lá de realistas e mundanas, algo que também ajuda na contrução de vínculos com essas figuras, inclusive os mistérios, segredos e dramas da narrativa ficam muito mais fortes e envolventes com essa boa dose de bom humor e slice of life.

Recomendo para todos que queiram assistir uma boa comédia e se emocionarem com uma drama bastante envolvente. Essa é com certeza a melhor estréia da temporada junto de BNA.

PS: Kakushi é o pai mais coruja que já vi desde o Maes Hughes de Fullmetal Alchemist.

Kami no Tou (Tower of God) - Episódios 1 e 2


O que falar desse bagulho... Primeiro, vamos falar do óbvio. Esse caralho é lindão demais, a animação e o visual são de altíssima qualidade. Agora o resto...... Não sei nem o que dizer, pra ser sincero, pois o anime me deixou um tanto quanto desorientado e sobrecarregado de informações no primeiro episódio. A história é sobre Rachel, uma menina que deseja subir a Torre de Deus pra ver o céu e as estrelas, e Bam, um garoto que prometeu segui-lao resto da vida, ambos viviam no subterrâneo, o garoto perdeu as memórias e a menina o fez companhia após esse evento. Daí ela desaparece enquanto fala que pretende subir a torre e o moleque aparentemente também a "subiu" e parou em um dos andares dela. Dentro da torre é preciso cumprir certos desafios para continuar subindo cada vez mais e geralmente envolvem combates, obstáculos mortais, monstros, etc.. Até aí dá pra acompanhar de boas, só que ao parar pra refletir sobre pequenos detalhes e a forma de apresentação é possível deparar com um monte de pontos questionáveis. O anime começa com Bam e Rachel correndo no que parece ser uma caverna bem grande, bem antes dos dois entrarem na tal torre, só que, além de não terem revelado ainda o detalhe de que viviam no subterrâneo, a cena deixa certas dúvidas que te deixam confuso e pouco envolvido com os acontecimentos: por que estavam correndo? Como viviam ali? Em que época a trama se passa? É um mundo de fantasia alternativo (a.k.a. isekai) ou é o nosso mundo? Nada disso é imediatamente esclarecido, o que me deixou com um pequeno gosto amargo na boca. E a situação ficou pior quando o protagonista foi encarar o primeiro desafio e antes se deparou com uma princesa junto de seu servo alertando o herói do perigo da batalha que estava por vir. Nessa cena um monte de informações cabulosas são apresentadas e várias delas são um tanto quanto vagas: se existe uma princesa, logo também há um rei e um reino; eles falam um idioma diferente; tem uns dispositivos que deixam as vozes das pessoas que estão perto em japonês (seja lá como isso funciona); tem umas "zapakutous", isto é, armas especiais com "vida" e que podem oferecer ajudas especiais pro usuários; existe uma espécie de hierarquia ou critérios que determina(m) o quão qualificado alguém é pra empunhá-las; há guerreiros com armas de fogo; Bam é aquilo que chamam de Irregular; Não fica bem estabelecido quais exatamente são as outras maneiras de entrar na Torre. No fim a audiência fica tão perdida quanto o personagem principal que... Sinceramente, achei um porre! Ele se surpreende facilmente com quase tudo de extraordinário que vê ao ponto disso encher o saco às vezes, é muito calado pra qualquer coisa que não envolva em ir atrás da Rachel e a obsessão dele pela menina chega a ser anormal, tipo, o sujeito simplesmente apenas se interessa em ficar perto dela e não apresenta mais nenhum outro interesse, como tentar recuperar suas memórias perdidas, descobrir sua origem ou procurar saber como funciona esse mundo. O que eu quero dizer é que senti falta de química entre os dois para essa busca implacável e me senti incomodado com mal proveito de certas características do Bam. Enfim, pelo menos não fiquei totalmente perdido, deu pra acompanhar as intrigas e eventos do primeiro capítulo sem outros grandes problemas e o melhor de tudo é que a obra evita depender-se de recursos de roteiro (diálogos expositivos, narração e flashbacks), às vezes eles aparecem quando não tem saída (geralmente para explicar certas coisas bem específicas da terminologia), são bem encaixados na narrativa e não ocupam tanto tempo de tela.

O segundo episódio foi beeeeeeeeeem melhor, respondeu muitas dúvidas essenciais, deixou vago o que precisa ser vago, estabeleceu novos mistérios e introduziu novos personagens que me deixaram mais curioso, o episódio seguiu de certa forma uma temática coerente e até teve comédia com um ótimo senso de humor! Foi aqui que o negócio realmente engrenou e começou a me divertir... Olhando pra trás, pode ser que o primeiro epsiódio tenha sido um mal necessário!

E é só isso que tenho pra falar sobre ele. Vou assistir mais episódios mais tarde. :P

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