Mobile Suit Gundam: Iron-Blooded Orphans Review


Antes de iniciar a análise gostaria de falar, brevemente, da sensação de "desvirginar" de Gundam com este em específico. Foi uma ótima experiência, embora não tenha entendido certas terminologias que, mesmo no fim, acabei não compreendendo direito, não é algo necessário para entender o que está acontecendo e é possível absorver a mensagem principal da obra sem distorções. Sem mais delongas, vamos dar início ao review.

Sinopse

A história de Mobile Suit Gundam Iron-Blooded Orphans se passa em um futuro distante, mais especificamente 300 anos depois de um evento conhecido como Guerra da Calamidade. Os poderes que governavam a Esfera da Terra foram derrotados, abrindo caminho para novos governantes de um novo mundo, exaurido da batalha. Enquanto isso, lá longe em Marte, as faíscas que ameaçavam iniciar outra guerra foram atingidas: Mikazuki Augus, membro da companhia particular Chryse Guard Security (CGS), aceita a missão de proteger Kudelia Aina Bernstein, uma garota que comanda a independência de Chryse (uma das regiões de Marte) da Terra. No entanto, quando a unidade de elite Gjallarhorn atacou para controlar os revolucionários, o chefe da CGS usa deliberadamente Mikazuki e os outros garotos como isca para cobrir sua retirada. Orga Itsuka, líder dos garotos, toma esse abandono dos adultos como motivação para lançar um ataque de força total em um golpe de estado. Com ordens de Orga para conter os Gjallarhorn, Mikazuki parte para o ataque na antiga máquina da era da Calamidade que tem sido usada como gerador, o Gundam Barbatos! Os garotos obtiveram a vitória contra o ataque da Gjallarhorn, Orga decide alterar o nome na unidade de CGS para Tekkadan, por considerar o antigo nome "sujo", e, junto dos outros membros, inicia a missão de escoltar Kudelia até o planeta Terra!



História

A história de Iron-Blooded Orphans me surpreendeu, não só porque o enredo se desenvolve muito bem, mas por conta de vários outros motivos. A começar pelo tema principal que, além de ser amor, amizade e companheirismo, é também família! Sim, inclusive o anime deixa isso bastante claro em um dos diálogos. Juro que isso não era o que esperava quando comecei à assistir, mas foi uma boa surpresa. Apesar de ser um anime sobre mechas (robôs gigantes) e trabalhar bastante com diversas características relacionadas na história (como as Ondas Ahab, que, até o momento, não sei exatamente do que se tratam), não é necessário compreender 100% desse assunto para saber o que está acontecendo, tornando assim os Gundams um elemento quase secundário na trama. E por fim, também não é necessário ter conhecimento algum dos eventos anteriores da linha do tempo da série Gundam, tornando este anime uma ótima boas vindas para qualquer um que deseja conhecer mais desta franquia.


Literalmente, A Grande Família!

Personagens

Os personagens são excelentes, todos bem diferentes um do outro, não só na aparência, mas na personalidade também. O character design deles lembra personagens de battle shounen, não no sentido pejorativo, o visual de cada um é bem charmoso e carismático. Uma coisa que curti bastante neles é a forma como interagem entre si, a maioria são crianças e, mesmo os mais velhos (que cuidam dos assuntos mais sérios e complexos), ainda são bastante novos, então a comunicação deles é deveras informal, extremamente sincera e despreocupante, isto é, eles se abrem muito facilmente um pro outro. Pra ter uma noção, a maioria daquelas crianças nem sabe ler, os que sabem estão em minoria!! Contudo um dos personagens principais se dispõe a ensiná-los em uma certa parte da história. Quando algum personagem está diante de um lugar/situação familiar ou quando o outro faz um questionamento sobre uma decisão repentina dele, o mesmo se dispõe a contar mais sobre si mesmo. O que quero dizer é que cada um tem seu momento de brilhar, sempre irá haver momentos onde um personagem mostrará sua real serventia no plot e diante da situação geral, assim como há momentos onde iremos ficar sabendo mais coisas deles e, às vezes, o passado inteiro para, não só sabermos como chegaram até ali, mas para criarmos mais empatia com esses caras. Além de tudo isso, eu gostaria de falar sobre os protagonistas que possuem algo bem especial, todavia há muito o que falar sobre esses personagens, portanto decidi separar um tópico só para eles.


Personagens que realmente parecem pessoas = GOOD JOB!

Protagonistas

Os protagonistas, Mikazuki e Orga, possuem uma forma de interação bastante curiosa, mas antes é melhor apresentá-los individualmente para garantir um melhor entendimento: Mikazuki é um garoto bem novo e pode ser considerado um kuudere, pois o cara quase não tem expressão (a não ser fúria, demonstrada diante de situações revoltantes). Apesar do tamanho, ele é um garoto forte e um assassino frio, fora que segue as ordens do seu amigo, Orga, sem questionar muito, só que, ao longo da história e da presença do mesmo nos flashbacks de outros personagens, Mika se apresenta como uma pessoa capaz de apresentar compaixão e preocupação. No tal flashback, por exemplo, vemos que ele é uma pessoa de coração gentil ao ajudar uma garota que estava passando fome e que sofreu abuso (não no sentido sexual), irônico, né?! Inclusive ele é uma das crianças que não sabe ler e há um momento onde o moleque admite que nem sabe do porquê deles estarem indo para a Terra! Acredito que essa foi uma tentativa de fazer os novatos de Gundam se identificarem mais com o personagem e, pelo jeito, conseguiram, pois me identifiquei com ele naquele momento; Orga é um rapaz determinado, que valoriza bastante os camaradas, incluindo o Mika, e se apresenta como um líder exemplar, carismático e responsável diante de todos, além de provar isso também. Entretanto ainda é uma pessoa com muita inexperiência, pela idade e pelo pouco tempo atuando como chefe da recém-fundada Tekkadan, mas isto acaba sendo a principal peça-chave de seu desenvolvimento no plot e também do tema principal do anime, afinal, Tekkadan é mais que uma unidade militar particular, é uma família! Idem, ele geralmente é questionado por Mikazuki sobre o que deve fazer em seguida, Orga sempre diz que eles vão para outro lugar, o lugar que pertencem. Mika sempre se contenta com essa resposta vaga, mesmo quando pergunta novamente e é respondido com as mesmas palavras, ao meu ver, isso não indica que o personagem é um completo ignorante, e sim que é a forma dele demonstrar que confia em Orga, tanto que o próprio diz isso explicitamente várias vezes. Detalhes demais são desnecessários no ponto de vista dele, como é o local com a qual pertencem, então deve ser um bom lugar e se o Orga continua falando a mesma coisa, é porque simplesmente ainda não chegaram lá! É mais ou menos assim que as coisas funcionam em sua cabeça.


Só na broderagem...

Lore

O World Building (ou Universe Building, hue), foi outra coisa exemplar da obra. Eles estão em uma jornada onde precisam chegar num lugar enquanto escoltam uma pessoa importante, até lá os caras passam por diversos locais diferentes: Áreas dominadas por piratas, colônias de aliados, colônias do planeta Terra e o próprio planeta Terra. Cada local que eles passam tem uma história, tem algo interessante por trás e o passado de alguns personagens está ligado com esses locais! Isso mostra outra função do background dessa galera, não é apenas a história deles, é a história de um lugar. Isso não só deixa as coisas mais fáceis de serem entendidas, como torna esse mundo mais contemplativo. Você quer saber mais desse universo e quando fica sabendo o resultado é satisfatório. Nesses locais também são trabalhados alguns subtemas, a maioria é bem interessante, por exemplo, na parte dos piratas vemos que o tráfico de pessoas é existente e na parte das colônias é mostrado a luta entre o proletariado e a burguesia. Ver temas tão realistas e contemporâneos numa série de ficção científica futurista é um tanto quanto intrigante, é como se esses problemas estivessem destinados a continuar atormentando a nossa sociedade, não importando a era em que estamos...


Uma das Colônias da Terra é o palco de uma das melhores partes da season.

Enredo

A história segue um rumo onde a apresentação dos eventos torna a narrativa extremamente instigante, as situações são criativas, elas, juntamente dos diálogos, trabalham bem os temas e subtemas, os momentos dramáticos são intensos e a adrenalina das cenas de ação é empolgante e, ao mesmo tempo, desesperadora, pois os personagens que estão no campo de batalha são humanos, podem morrer a qualquer momento. Só de ver 6 episódios eu já não conseguia mais parar de assistir, sempre queria saber o que ia acontecer em seguida! Cada uma das decisões tomada na escrita do roteiro aparentam ter sido feitas com bastante cautela e planejamento, visto que ele é excepcionalmente coeso, essa é uma das maiores qualidades do anime, inclusive. Outro ponto que vale ressaltar é como o ritmo em que a história progride é rápido, mas tudo é executado de uma maneira tão gradual e agradável que, mesmo quando notamos que certas coisas acabam não durando muito tempo, a sensação é de que o tempo foi suficiente para mostrar o que deveria ser mostrado. Apenas fiquei meio perdido em algumas partes por não entender certas coisas da terminologia, como dito anteriormente, mas não foi algo tão crítico.


TÁ SAINDO DA JAULA O MONSTRO!!!

Produção

Não tenho muito o que falar dela, apenas que a Sunrise fez um trabalho FANTÁSTICO!! A qualidade de animação é de primeira, a fluidez das cenas de ação é muito bem feita e na imensa maioria das vezes ela se mantém consistente. A trilha sonora é boa, tem uma pegada meio de música espanhola e mesmo ficando interessado apenas em uma das faixas, as soundtracks, no geral, cumprem bem o seu papel e os efeitos sonoros são agradáveis e convincentes. A produção de Iron-Blooded Orphans é exemplar.


Cenas de ação com animação fluida e consistente... Um dos pontos positivos mais fortes.

Conclusão

Mobile Suit Gundam Iron-Blooded Orphans é um anime FENOMENAL!! Recomendo para qualquer um que busque uma história com um roteiro coeso, personagens carismáticos e bem desenvolvidos, uma excelente construção de mundo e uma produção belíssima. A obra me prendeu do início ao fim, mantendo-se interessante, divertida, charmosa e consistente. E ao final de tudo, a impressão que ela nos dá é de que, mesmo sendo uma história cheia de batalhas, crueldades, atrocidades e corrupção, ainda é possível seguir em frente. Podemos nos sentir ameaçados diante dos mais terríveis obstáculos e é doloroso perder o que é importante para nós, entretanto temos que continuar andando e protegendo o que ainda resta de precioso em nossas mãos!


Don't Give Up!

Observação

Antes de finalizar, gostaria de mostrar um preview da season 2: ela é antônima à primeira, antes o tema era amor e família, agora o tema é ódio, tristeza e frustração. Dessa vez a Tekkadan segue um rumo arriscadíssimo, nem todas as decisões tomadas aparentam ser boas, Orga começa a se arrepender de algumas escolhas e todas as situações e arcos de personagens são construídos em cima desse tema... O final me deixou meio na bad, mas é incrível!!!


Não dá para voltar atrás...

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