Impressões Iniciais dos Animes da Temporada de Inverno 2019


E aqui vamos nós! Esse é meu segundo post falando sobre as primeiras impressões dos animes da temporada que está rolando no momento. Pensei que seria uma boa fazer de novo, pois me diverti escrevendo aquilo e nessa a situação está mais conveniente, já que selecionei apenas três obras para acompanhar, ou seja, será mais tranquilo de escrever. Porém garanto que não será um texto raso! Apenas com poucos episódios de cada uma das estreias consegui extrair bastante assunto para destacar, comentar e analisar aqui nesse artigo. Portanto se preparem para uma boa leitura. :D

Yakusoku no Neverland


Quem leu meu review de Gakkougurashi! deve ter lembrado que citei brevemente essa obra por lá, pois ela trabalha em cima do mesmo conceito, que é estética bonitinha, mas com uma história pesada e cruel por trás. Yakusoku no Neverland já veio impressionando logo no primeiro episódio e mostrando um ótimo potencial, apesar de eu não ter sentido todo o hype por já ter noção do que ocorreria ao ter recebido spoiler enquanto lia a sinopse do mangá no My Anime List... E por falar em spoilers, todos os reviews aqui estarão recheados disso!! ESTÃO AVISADOS!! Enfim, a história se passa numa casa chamada Grace Field, onde moram 38 crianças órfãs sem parentesco algum e que estão sob o cuidado de uma mulher a quem chamam de "mãe". Apesar da vida deles consistir de ocasionais teste rigorosos, a vida por lá é alegre e feliz, até que duas das crianças mais inteligentes acidentalmente descobrirem a cruel realidade em que vivem: na verdade o orfanato em que vivem é uma fazenda e as crianças são a "mercadoria" principal para demônios! Agora tendo noção disso, elas terão que elaborar um plano de fuga para escapar com vida daquilo que pode tornar-se o verdadeiro inferno!!

Eu pessoalmente curti o primeiro episódio. O trabalho que a direção, os animadores, dubladores e character designers fizeram foi excelente e apresentaram um resultado satisfatório, principalmente em uma das cenas finais onde mostra dois dos personagens principais descobrindo a brutal realidade do lugar. A expressão de medo deles, isto é, o tamanho dos olhos levemente aumentados e a íris encolhidas, os corpos tremendo, as crianças suando e ofegando, após correrem do local, foram cruciais para transmitir essas emoções ao público e o resultado não podia ser melhor. Foi também um contraste muito bom com a estética primária que fomos apresentados: crianças com carinhas fofas, com apenas mais umas outras puxadas pro lado "cool" (não consegui achar outra palavra melhor) e todas vestindo roupas brancas que simbolizam a pureza e/ou a inocência. E comparando a premissa com a estética primária, fica explícito que o tema central está relacionado com a perda da inocência, algo que, se bem feito, me interessa bastante. Só que ainda tenho algumas queixas. A primeira, e a mais grave, é a expositividade. Muitas vezes a direção não faz um bom trabalho em manter os mistérios na trama, porque dá constantes closes e zooms em detalhes pequenos e logo o público pode ir levantando suspeitas, que por sinal podem ser certeiras! Embora eu já tenha tido noção do que ia ver no primeiro episódio, um dos detalhes, no caso os números tatuados nas crianças, já entregavam para os mais atentos de que aquilo poderia se tratar de um campo de concentração ou de uma fazenda. Isso se repete nos episódios posteriores também... A segunda está relacionada ao fato do anime não ter apresentado muitos detalhes que convencem que o trio principal é composto por gênios. O conteúdo das provas que eles fazem não foi revelado e não o vemos elaborando táticas ou estratégias durante a cena do pega-pega. Esses detalhes não tornam o anime ruim como um todo, contudo são coisas chatinhas que me incomodaram um pouco e, depois de ver o segundo ep, é provável que uma delas se resolva no de correr da experiência.

O segundo episódio foi meu favorito até o momento! Ele provou que obra é inteligente, encara os obstáculos que os personagens tem que enfrentar, mesmo sendo uma obra de fantasia, de forma realista. O show releva vários detalhes da fuga, mostra eles tomando decisões difíceis, mesmo sem terem agido pra valer ainda, e os mostra pensando em questões relacionadas ao pós fuga. Os três personagens principais demonstraram que são interessantes, carismáticos e cada um apresenta peculiaridades únicas, sem contar que apresentam reflexões, pontos vista e atitudes satisfatórias e que ajudam o público a se importar melhor com eles. A direção nas cenas de tensão também está magnífica e as expressões de medo dos personagens, o contexto e as ameaças indiretas e sutis da "Mamãe" deixam tudo melhor. Não li os capítulos do mangá correspondentes à este episódio, todavia sei que houve cortes, porque muitos falaram disso. Contudo acredito que a adaptação não ficou ruim, apenas diferente. Tudo bem que no mangá pode estar melhor, não duvido disso, e o anime novamente demonstrou o probleminha de expositividade ao dar zoom em uma parte do corpo da crianças onde provavelmente o chip de rastreamento se encontra logo após terem discutido sobre o assunto! No entanto o anime continuou mantendo um resultado positivo na balança, o que é ótimo!

Já o terceiro episódio foi o que menos curti. Alguns momentos foram bem irreais e um deles apresenta junto o problema da expositividade novamente! Começando com o mais sutil, todavia não menos importante: a reunião do trio de protagonistas no início do ep ocorre na BIBLIOTECA! Falando abertamente sobre detalhes que envolvem o monitoramento deles na fazenda em um ambiente cheio de estantes e livros, a zona ideal que forma paredes extras e pontos de esconderijo para outros bisbilhotarem a conversa sem serem vistos, é algo muito imprudente!! Podem ser gênios, só que ainda não passam de crianças. E o tal problema que mescla a irrealidade e a expositividade encontra-se numa cena protagonizada pela nova personagem introduzida no final do episódio anterior, a Irmã Krone. Nela, a mesma está em seu quarto à noite e praticamente grita todo o seu plano!!! Apesar de eu ter gostado da personalidade pastelona dela, acredito que não ter mostrado essa cena seria a melhor escolha. Removendo-a, poderíamos acompanhar tudo de um ponto de vista mais próximo das crianças que, além de ser mais interessante, aumentaria o grau de suspense/tensão e surpresa quanto aos mistérios que vão surgindo na história e são desvendados de pouco em pouco, o que deixaria a cena dela dizendo "Estou do seu lado" para a Emma mais intrigante. E por fim, ainda não foi visto a especialidade de cada membro do trio principal quanto ao tipo de inteligência. Sabemos as características das personalidades dos três, isso é bom, mas e o dom especial deles na parte intelectual/tática/estratégica? Elas tem a haver com suas características ou é algo a parte? São dúvidas que espero que sejam respondidas. E vemos eles pondo em prática um pouco disso na cena do pega-pega, que tinha como propósito também treinar os corpos das crianças para o cenário de fuga sem chamar a atenção, um detalhe que achei legal, no entanto espero que não se resuma somente a isso e mostraram apenas alguns truques sobre escapar de perseguições em florestas... Mesmo assim, tô adorando o anime como um todo! O final desse episódio, onde observamos Emma meio paranoica e assustada quanto ao risco de haver traidores entre eles, realmente me deixou instigado a querer ver mais e ainda conecta com parte do tema central... Quero dizer, uma das consequências da perda da inocência cobre dúvidas que vão surgindo no processo, várias delas são desconfortáveis, arrepiantes e assustadoras. Questões como existencialismo, confiança e aquilo chamado de "eu", um aspecto que cada um reconheceria como concreto e pensaria que não há mais nada a descobrir, começam a apresentar-se como cosias cada vez mais misteriosas, desconhecidas e duvidosas. Lidar com essas questões no fim da infância é quase inevitável e algo relativamente difícil!

Yakusoku no Neverland tem um potencial gigantesco e, mesmo com uns defeitos e equívocos chatinhos, começou expondo do que é capaz em sua execução. Espero que no mínimo seja um anime "nota: oito de dez"

Dororo


"Dororo conta a história do jovem samurai Hyakkimaru, rapaz que foi abandonado ainda bebê depois de ter 48 partes de seu corpo oferecidas para 48 demônios, troca que seu pai, um lorde samurai, fez para obter poder para conquistar vitórias no campo de batalha. Depois de ter o que sobrou do seu corpo jogado ao rio, Hyakkimaru é encontrado por um camponês com talentos médicos que consegue reconstruir seu corpo com diferentes próteses. Quando alcança a adolescência, Hyakkimaru parte para uma jornada para recuperar todas as partes de seu corpo, além de visar derrotar seu pai que o abandonou."

O novo anime de Dororo na verdade se trata de um remake do clássico mangá de mesmo nome do finado Osamu Tezuka, conhecido por ser autor de Astro Boy (Tetsuwan Atom), como dito no meu último artigo. Até o momento em que estou escrevendo, Dororo vem me impressionando quanto a sua produção e a sua história. Este último é mais por conta de como é contada e o que a mesma diz por trás do que ela em si, pois com essa sinopse imagina-se que a obra pode ser resumida como um Cuphead, isto é, um monte de "boss rush" com algumas aventuras no meio. O show tem uma ideia muito intrigante e até um pouco assustadora por trás de sua premissa e gostei de como ela está sendo trabalhada na trama até o momento. No anime antigo, Hyakkimaru já falava nos primeiros episódios, na nova adaptação optaram por deixá-lo calado e essa foi uma ÓTIMA decisão, porque não só aproveita mais a ideia da premissa como contribui para tornar o protagonista alguém misterioso sem transformá-lo num babaca arrogante como o Sasuke, por exemplo, ajuda no seu desenvolvimento futuramente e cria situações mais interessantes como as vistas no segundo episódio que abordou o tema "há coisas que os olhos não enxergam..." Quanto ao Dororo, o garotinho que acompanha Hyakkimaru, eu gosto de como sua presença não é apenas para tornar a jornada e as ações do personagem principal mais compreensíveis, ele é quase como um irmão mais novo cuidando do irmão mais velho que possui problemas de socialização. Mesmo acompanhando Hyakkimaru inicialmente afim de agradecê-lo por ter salvo sua vida e também com algumas segundas intenções por trás, aos poucos Dororo vai conhecendo e se importando mais com seu parceiro, construindo assim uma amizade sólida e baseada mais em amor e empatia.

A produção é MUITO LINDA!!! Fora a abertura (que é a minha favorita dessa temporada) e o excelente character design, adorei a qualidade da animação, que se mostrou fantástica nas cenas de ação (super fluídas e consistentes), a trilha sonora se encaixa perfeitamente com o cenário e a dublagem está ótima, dando destaque para a seiyuu de Dororo, Rio Suzuki, que é uma novata, mas já vem demonstrando uma excelente performance. O primeiro episódio começou exatamente como a sinopse e expondo toda essa parte no ponto de vista do pai de Hyakkimaru, vemos logo em seguida alguns outros personagens que de início não temos conhecimento sobre, a introdução de Dororo e como o mesmo vive sua vida e por fim o encontro desse personagem com o protagonista que também demonstra como vive a própria vida, isto é, caçando demônios para recuperar partes do corpo. A única coisa que não gostei no ep foi o design do monstro que Hyakkimaru enfrenta, é só um monte de gosma mortal, tipo o Muk de Pokemon, poderiam ter caprichado mais no design dele. Porém a cena da batalha na ponte foi espetacular!! O segundo episódio introduz um personagem novo, que aparece no episódio anterior brevemente e no seguinte outra vez, e ele explica certos conceitos, como a habilidade que esse sujeito e Hyakkimaru possuem, com mais clareza e, como dito anteriormente, o tema do episódio é "há coisas que os olhos não enxergam...", que é trabalhado em cima da missão que aceitam cumprir ao chegarem numa vila. Foi um bom ep, nada mais a declarar. Entretanto, nenhum foi tão bom, até o momento, quanto o terceiro episódio, que vou analisar agora mesmo!

No episódio três, adorei saber um pouco mais sobre o protagonista e de como ele começou a lidar com o poder de "sentir" as coisas ao seu redor como se fosse usuário de Kenbunshoko Haki. Adorei também a relação que o cara construiu com o doutor Jukai que fez as próteses para ele, pois mais pra frente vemos que é algo além de aluno e mestre, é uma relação entre pai e filho. O doutor não apenas o ensinou a lutar, ele deu ao sujeito a oportunidade de viver em condições melhores do que antes e até um nome! No fim vemos o resultado disso. Hyakkimaru sempre soube desde cedo que era possível eliminar a existência de terceiros graças á sua habilidade, porém dentre as diversas presenças que ou não se moviam ou o atacavam, havia uma que não fazia nenhuma das duas coisas, ela o ajudava e se caso a mesma fosse obliterada nunca mais receberia ajuda dela! No finalzinho do ep onde vemos Hyakkimaru colocando sua mão no rosto de Jukai, acredito que foi não apenas curiosidade, mas talvez uma forma de expressar agradecimento, ou a única que podia fazer, por tudo o que ele fez... Essa cena realmente me emocionou. Outra coisa que gostaria de comentar é sobre minha interpretação da história de Hyakkimaru: acredito que seja uma metáfora para o jeito que a sociedade trata os rejeitados e/ou prejudicados. Eles são vistos como coitados, entretanto ninguém faz nada por essa gente e outros até tentam fazer mal aos mesmos, esses últimos representados pelos monstros e o primeiro tem como papel os figurantes e também as coisas inanimadas (que é a possível representação dos expectadores: ficam com pena, só que são incapazes de fazer algo). Todavia sempre haverá no meio dessa multidão algumas poucas pessoas gentis que irão oferecer ajuda quando os outros mais precisarão, pessoas essas que podem ser chamadas de amigos ou de família! Mais brilhante que essa história, só o modo como foi contada. A direção fez um belo trabalho em apresentar esses detalhes ao público sem recorrer à diálogos expositivos e outros recursos de roteiro inconvenientes. No segundo episódio teve um momento onde um narrador explica a situação de Hyakkimaru e fiquei com medo de que isso fosse ser constantemente utilizado, felizmente esse não é o caso. Apenas é mostrando o necessário de falas e diálogos, enquanto o conteúdo visual das cenas já é autoexplicativo por si só, como a cena em que Hyakkimaru tira uma flor do chão e logo depois percebe, com seu poder, que sua presença some depois de um tempo após ser arrancada pela raiz.

Dororo está sendo meu queridinho dessa temporada, espero que continue mantendo a boa qualidade que presenciei nesses três primeiros episódios!

Mob Psycho 100 II


Trata-se da segunda temporada do anime Mob Psycho 100, cuja obra original foi escrita e desenhada por One, autor da webcomic de One Punch-Man (que atualmente está sendo redesenhada por Yusuke Murata com magníficas ilustrações), portanto muito das características de OPM, como o senso de humor sarcástico e as cenas de ação e luta exageradas, podem ser encontradas nessa série também. Só que, ao contrário da outra obra de One, que é uma enorme paródia e sátira de Super-Heróis com um foco massivo no humor, Mob Psycho tem um enredo mais sério, coeso, trabalha bastante com assuntos relacionados à juventude e o controle das fortes emoções diante de situações que jovens comumente encontram-se e isso já pode ser visto novamente logo nos primeiros episódios dessa nova temporada.

No primeiro ep vemos o típico cotidiano de Mob trabalhando para agência de atividade paranormal do charlatão e carismático Reigen e um belo show off de animações deslumbrantes do estúdio Bones, conhecido por produzir séries com visuais extremamente bem animados, durante a breve cena de ação do começo. Logo depois acompanhamos uma cadeia de eventos e reflexões de uma personagem secundária que levou ela a querer se envolver mais com o Mob e convencê-lo a ser candidato à um cargo estudantil afim de atingir um objetivo externo maior. A conclusão dessa pequena história é legal e teve uma boa surpresinha no final, apenas isso. O segundo episódio foi mais focado no trabalho de Mob como exorcista/detetive sobrenatural e teve boas cenas de ação com a qualidade de animação padrão do estúdio, sem contar que a conclusão do caso principal revelou uma individualidade curiosa do protagonista e a cena final foi HILÁRIA! Enfim, o terceiro episódio, e o melhor até agora, foi o que mais trabalhou encima dos temas e conceitos bastante vistos na primeira temporada. No ep Mob conclui e presencia alguns casos que o fazem questionar se o que ele sempre faz pode estar errado em algumas ocasiões, se as pessoas que o seu trabalho diz que que devem ser protegidas realmente merecem esse cortejo e se a violência é mesmo desnecessária de ser aplicada aos seus semelhantes. Isso se reflete numa cena envolvendo a ameaça de uns estudantes onde o personagem principal acaba sendo a vítima, todavia é salvo pelos amigos que dizem que Mob em alguns casos deve usar sua força para escapar de cenários como esse. E no finalzinho do episódio tem uma FANTÁSTICA cena de uma família de fantasmas que prometeram não incomodar os outros pedindo misericórdia, contudo os clientes nojentinhos exigiam constantemente que eles deviam ser obliterados e Mob tem que tomar um decisão difícil envolvendo o trabalho ou a sua moral, isto é, uma escolha entre o benefício financeiro e o espiritual. Essas coisas acabam perturbando o emocional de Mob e sabemos que isso está diretamente ligado aos seus poderes psíquicos, o que pode gerar problemas de proporções grandiosas...

Quanto a produção, não tenho muito o que comentar. A parte de animação já falei o bastante. O character design ainda é o mesmo e fiel aos traços originais, mas a aparência da maioria dos personagens ainda me incomoda um pouco, já que quase todos são muito parecidos e isso é um aspecto que o anime acaba até tirando sarro de si próprio em uma parte da abertura, só que não deixa de ser um ponto negativo para mim. Por falar em abertura, ela está excepcional! Boa música empolgante, super alto astral, demonstrando trechos de cenas de ação super bem animadas e cortes e montagens feitas sobre uma estética visual psicodélica e surreal, no entanto com um charme especial que diferencia a série de outras, assim como a abertura da primeira temporada. E a dublagem não tenho nada do que reclamar. Em resumo, está tendo uma produção bastante caprichada e agradável.

Mob Psycho 100 II está sendo meu segundo favorito dessa temporada, os primeiros episódios provaram que a série não perdeu sua qualidade, apenas não mostrou ainda, porque ela dá uma forte sensação de que algo maneiro está por vir.

Então é isso! Nessa temporada posso estar vendo poucos animes, mas esse pouco está agradando em uma quantidade ENORME e consegui falar bastante sobre cada um! De qualquer forma, espero que esse artigo tenha sido útil ou interessante e se gostou do que viu, dê uma olhada também nos meus outros posts. Vou ficando por aqui! Falou, galera!!

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